O presidente da Associação de Transplantados de Fígado no Rio Grande do Sul, Jorge Kramer, acredita que a população deverá ser muito bem informada sobre o destino desses recursos, para evitar que, em vez de aumentar, as doações acabem diminuindo.

“Pode levar a população a pensar que as pessoas estão sendo pagas, é aquelas famosas lendas urbanas, que dizem que o paciente estava na UTI ainda não estava em morte encefálica, e doaram os órgãos. Mas eu acho válido, porque é um trabalho que não é fácil”, argumenta.

"Para a confirmação de morte encefálica, são necessários dois exames, com espaço de seis horas, um deles deve ser feito por um neurocirurgião, e os testes devem ser confirmados por um eletroencefalograma. A maioria das mortes não é diagnosticada. Isso porque, para o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Valter Garcia, os hospitais precisam ser melhor equipados." 

“Vários hospitais do Rio Grande do Sul ou não tem neurologista ou neurocirurgião todos os dias, ou não tem esse equipamento para o diagnóstico disponível 24h. A Secretaria de Saúde está buscando formas, como terceirizar nos hospitais que não tem como fazer”

Em maio, devem ser criadas Organizações de Procura de Órgãos, cujo projeto, que ainda depende do aval do Ministério da Saúde para começar, prevê a contratação de médicos responsáveis pela vigilância de casos de morte encefálica nas UTIs. A proposta é que as estruturas sejam implantadas seis hospitais estratégicos, que seriam o Complexo Santa Casa, o Hospital da PUC, o HPS de Canoas, o Hospital de Passo Fundo ou o Hospital Pompéia, em Caxias do Sul, e nas instituições de Santa Maria e Pelotas. A rede será de 41 hospitais, com média de 6 mil internações por ano, cobrindo todas as casas de saúde que possuem UTIs II e III.