Anestesia Geral em Paulinho Pavesi
Art 1o. - Determinar aos médicos que praticam anestesia que:Antes da realização de qualquer anestesia é indispensável conhecer, com a devida antecedência, as condições clínicas do paciente a ser submetido à mesma, cabendo ao anestesista decidir da conveniência ou não da prática do ato anestésico, de modo soberano e intransferível;
"o médico está obrigado a acatar e respeitar os Acórdãos e Resoluções dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina."
CPI DO TRÁFICO DE ÓRGÃOS06/07/2004Depoente: Sérgio Poli GasparExtraído das notas taquigráficas da Câmara dos deputadosO SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: Fiquei preocupado quando o ouvi iniciar esta rápida explanação dizendo que foi chamado para aplicar assistência ventilatória naquela criança. Porque tenho aqui em mãos Dr. Sérgio, como disse, documentos onde o procedimento foi um tanto quanto diferente. O senhor emitiu documentos com referência ao estado do garoto, inclusive analisou o garoto, e na sua avaliação o garoto era um ASA-5. Muito bem, era um ASA-5. Dr., o senhor confirma que era ASA-5, o senhor levantou o papel mostrando, não é diferente o procedimento, no caso da sua especialidade, para dar uma assistência ventilatória e quando o paciente é qualificado ASA-5? Porque, pelo que sei, a assistência... O senhor pode explicar por que é feita a assistência ventilatória? Em que casos? Em que circunstâncias?O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Por que eu tenho que fazer assistência ventilatória?O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: Sim.O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Porque ele está em morte cerebral e está em apnéia.O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: Muito bem, então ele está com morte cerebral e apnéia. Então a ventilação ou assistência ventilatória é para que ele permaneça vivo, enquanto é feita a cirurgia, não é isso? Para que os órgãos sejam retirados.O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Ele está em morte cerebral, a gente mantém ventilação mecânica para que os órgãos que vão ser recuperados, sejam oxigenados e perfundidos, ou seja, viáveis.O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: Muito obrigado. E no caso do ASA-5. O senhor pode descrever para nós quando o anestesiologista diz que o paciente é ASA-5, em que estado ele está?O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Perfeitamente. Essa classificação ASA... esse transplante foi realizado no ano de 2000. De 2002 para cá, existe na literatura mundial, foi acrescentado na classificação ASA, uma nova classificação que chama ASA-6, paciente em morte cerebral, doador de órgãos para transplante. Na classificação de 2000 e 2001 para trás, eu tenho artigos de documentos científicos dos Estados Unidos, 11 universidades mostrando para vocês que não existiam ainda uma uniformização, uma oficialização do ASA-6. Dado a gravidade do paciente, que estava em morte cerebral, eu empiricamente classifiquei esse paciente na classificação mais alta que era para mim disponível. Eu não podia omitir uma classificação, porque se isso aqui estivesse em banco, vocês estariam me chamando aqui para explicar porque eu tinha deixado em branco.O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: Exato.O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Se eu tivesse posto ASA-6, vocês me chamariam aqui, porque ASA-6 não existia naquela época. Então, empiricamente eu pus na classificação mais grave que existia na época, que era ASA-5 e muitos hospitais americanos ainda considerava ASA-5. Agora, a classificação do paciente, se a gente vê que se começa a preencher de cima para baixo, está claro o quadro do paciente, o estado físico do paciente. Com a minha letra foi escrito, com a minha mão, com a minha letra, morte cerebral, se tinha, doador de rim para transplante geral.
O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: Me desculpe. A senhora tem ai, doutora. The ASA physical status classification systems, aqui está em inglês, mas aqui, não vou ser tão petulante, bem aqui estão: “Esses trabalhos da Associação Americana de Anestesiologistas e da Associação Canadense já definem ASA-5 e ASA-6 desde 1992 e 1999. Dr. Sérgio Poli, mais um documento da use of sedations anesthesia... Está traduzido também ou a gente tem que ver? Aqui é o outro documento. Certo? Sobre o procedimento do paciente, a seleção e tudo mais. Está dizendo que esses guias dão uma visão geral das condições, que têm de ser vistas para sedar o paciente. Doutor, o senhor afirmou nesta CPI que, em 2000, não existia a classificação ASA-6. Isso é muito grave.O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Não era do meu conhecimento, da minha literatura.O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: Mas o senhor tem de saber, meu amigo.
O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: Doutor, então o senhor aplicou anestesia geral no morto?
O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Não.
O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: Como é que o senhor... anestesia indicada, geral? E aqui tem o documento, aliás o medicamento...O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: – Entre parênteses?
O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: - ... entre parênteses. Como é o nome desse medicamento?
O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: – Pavulon. Pavulon é o nome comercial do Brometo de Pancurônio. E ele não é e nunca foi anestésico na vida, ele é um adjunto à anestesia. O Pavulon não faz uma pessoa dormir, o Pavulon não tira a dor de ninguém, ele não deprime o sistema nervoso de ninguém. Se tiver médico no plenário, vai confirmar isso comigo. Pavulon é um relaxante muscular de ação periférica que a gente mantém a musculatura frouxa, a gente relaxa a musculatura, facilitando, desta maneira, o acesso do cirurgião ao órgão, para que ele traumatize o menos possível o órgão, para que o órgão seja viável. Esse remédio é descrito na literatura mundial, que eu não devo usar não, que eu tenho que usar, porque senão fica inviável a retirada dos órgãos.
O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO: – Outro esclarecimento. Então o senhor explicou bem sobre o Pavulon, mas por que a anestesia geral?
O SR. SÉRGIO POLI GASPAR – Isso é força de hábito minha. Eu escrevi, só que é um procedimento cheio de... é o seguinte, eu devia ter quatro mãos, para duas fazerem fichas e as outras duas cuidar do paciente. Eu pus geral e na mesma hora pus na frente, entre parênteses, (Pavulon).
Se a "força do hábito" faz com que ele sempre escreva "GERAL" e em seguida o nome de um medicamento qualquer que sequer é utilizado para tal finalidade, seria interessante rever todas as cirurgias que SÉRGIO POLI tenha atuado de 1999 à 2000 para verificar nestes prontuários a existência deste vício, que certamente pode ser classificado como um erro gravíssimo. Mas tal investigação nunca foi de interesse das autoridades.
A SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA: Certo. A pergunta que faço é a seguinte. Dr. Sérgio, o senhor afirma ter aplicado o relaxante muscular. O senhor afirma que aplicou o Pavulon. Os depoimentos que tiveram na CPI e os documentos, inclusive de poder no processo investigatório e da CPI, afirmam o inverso, que o senhor teria aplicado uma anestesia geral. O senhor nega essa
afirmação.
O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Nego ter aplicado anestesia geral.A SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA: Quem o senhor acha, que estaria lhe prejudicando, afirmando isso e por quê?O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Não acredito que tenha ninguém querendo me prejudicar. Eu não fiz anestesia geral em ninguém, o que eu fiz foi especificado.A SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA: Tem depoimentos na CPI, inclusive anexados ao processo, que as pessoas que foram ouvidas afirmar terem visto o senhor aplicar anestesia geral. Por que o senhor acha que estariam lhe prejudicando?O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Não sei, eu não tenho acesso a esses documentos.
A SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA: O senhor não tem idéia disso? Sr. Presidente, mais na frente eu retomo.O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): Sr. Sérgio, o senhor conhece a Resolução nº 1.363 do Conselho Federal de Medicina?O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Não, de cabeça, assim, não.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): Mas, o senhor conhece alguma parte? O que o senhor conhece?O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Não, eu, de cabeça, não sei. Nunca decorei. Eu tenho livros disso, mas eu nunca decorei, não.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): Quando o senhor vai iniciar algum procedimento, ou então o senhor não sabe ainda o que vai fazer, tem que recorrer à resolução, ir lá olhar e ler antes de fazer? Porque é uma norma. É uma resolução do Conselho Federal de Medicina.O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Seja claro. Seja claro o que o senhor quer que eu responda.O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): Eu estou perguntando se o senhor conhece a Resolução nº 1.363 do Conselho...O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Não, eu não conheço.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): O senhor acha que como um médico anestesista o senhor não deveria conhecer?
O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Não.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): Não, por quê?
O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Porque eu não conheço o código.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): Esta resolução foi feita para quê?
O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Não sei.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): Para açougueiro, para mecânico ou para médico? É do Conselho Federal de Medicina a resolução!
O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): Deputado Rubinelli.O SR. DEPUTADO RUBINELLI: Sr. Presidente, eu gostaria de perguntar se essa resolução é do Conselho Regional de Medicina.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): Federal.O SR. DEPUTADO RUBINELLI: Federal. Eu quero dizer, Sr. Presidente, aos Deputados presentes e ao depoente também, que eu acho que a CPI tem a obrigação de informar ao Conselho Regional de Medicina de que o depoente não vê necessidade, e colocou isso na sua fala, de conhecer as resoluções do Conselho. Acho que é importante o Conselho saber disso. Até para o Conselho, Sr. Presidente, alertar o depoente de que isso é imperativo, é necessário que ele conheça. E eu quero dizer, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que em que pese o grande conhecimento do depoente com relação às doutrinas americanas, com relação à Medicina, que as leis brasileiras, as resoluções dos respectivos órgãos de classe, tanto na área médica quanto em outras áreas, devem ser seguidas em nosso País. E eu quero, Sr. Presidente, deixar registrado que a CPI faça essa recomendação para o Conselho Regional de Medicina que ela também inquira o depoente a respeito disso. Que sejam mandadas as notas taquigráficas para o Conselho no sentido de que o Conselho saiba que o depoente hoje aqui disse que não acha necessário conhecer as resoluções. Foi isso que nos passou aqui. Se eu estiver enganado, Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): A solicitação está sendo acatada e a secretaria da Comissão vai estar enviando ao Conselho.O SR. DEPUTADO RUBINELLI: E, Sr. Presidente, quero finalizar dizendo também que eu gostaria que a CPI solicitasse a cópia do processo que o depoente moveu contra o pai do garoto. Gostaria de ter conhecimento desse processo aonde o depoente me parece que já teria obtido algum êxito. Muito embora essa história toda esteja extremamente confusa, o depoente parece que processou o pai do garoto por injúria, calúnia e difamação e pediu uma indenização por danos morais. Me parece que já obteve êxito. Gostaria que a CPI também tivesse acesso a esses documentos para verificarmos tudo o que foi argüido nesse processo, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga): Nós agradecemos a presença do Dr. Sérgio Gaspar, as informações prestadas aqui. Com certeza, foram informações relevantes para o trabalho desta Comissão e dizer que, se for necessário e assim a Comissão entender, estaremos solicitando a presença de V.Sa. aqui em outra oportunidade. Muito obrigado.
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Documentário H.O.T. - Human Organ Traffic
Depoimentos na CPI do tráfico de órgãos comprovam: Ministério Público Federal protege traficante de órgãos.
Reportagem da Band TV sobre CPI do tráfico de órgãos: Médicos renomados vendem órgãos a 50 mil dólares.
Exumação de Paulinho: Delegado Federal que apurou o caso sorri.
Assessora de imprensa do Ministério da Saúde (José Serra), se nega a desmentir falsas informações distribuídas pelos transplantistas.
Reportagem do Fantástico revela crimes nos transplantes. Rede Globo aceita silenciar para que médicos renomados não fossem punidos.
Agricultor denuncia: O médico que matou Paulinho exigia doações para fazer transplantes, e fazia internações falsas fraudando o SUS.
... e confirma durante a CPI. Mas nada mudou depois da CPI porque o Procurador Geral da República se nega a dar andamento nas investigações.
O homicídio não foi o bastante. O hospital praticou estelionato e extorsão cobrando materiais e procedimentos que nunca foram utilizados.
CASO TAUBATÉ
Promotor revela: Transplantistas usavam médium para convencer família a doarem os órgãos de pacientes vivos.
Enfermeira que participava de transplantes conta como médicos matavam seus pacientes para a retirada de rins.
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A couple claims a hospital killed their 18-year-old son to harvest his internal organs. Maggie Rodriguez reports.
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1 commenti:
É uma vergonha saber que ainda existem "bichos" assim.
Só uma coisa a declarar: quando deito, consigo dormir (com a minha consciência tranqüila). Não sou como vocês,animais; a raça de vocês está extinta!!!
Vocês não tem medo de Deus não? Seus covardesssssssss!!!
Matar uma criança?!
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